sábado, 27 de abril de 2013

Um último suspiro


Um dia, há mais ou menos 12 anos, senti vontade de aprender a jogar golfe. Então comecei a fazer um curso no clube (o único, aliás) da cidade perto onde moro.
Já tinha feito algumas aulas de vela, num clube naval existente também  aqui, mas acabei abandonando o curso. Na verdade, não achei muito interessante e nem me dei a chance de gostar [éramos um grupo de quatro, além da instrutora, uma menina não muito simpática (os comentários nossos - dos alunos, por dedução, era que ela teria um contrato de uso da marina a título gratuito, desde que ministrasse aulas de vela, mas que, parecia, ela não gostava muito da atividade). Por fim, achei um esporte muito solitário, apesar do contato direto com a água, e o sentir dos ventos, ser um dos mais calmantes e revigorantes que possa existir.
E o golfe... a paixão, na época bem mais forte, veio depois. Já sabia um monte de regras, mas quando percebi que os resultados das aulas vinham muito devagar, apesar dos meus esforços, resolvi parar um pouco, e,  tempos depois, continuar. Voltei, mais ou menos em um ano, mas novamente a frustração me venceu diante de tão minguados resultados. Apesar do meu instrutor afirmar, tantas vezes, que era um esporte que demandava tempo para se conseguir resultados consideráveis, acabei por colocá-lo de lado, cada vez mais, até deixar completamente de ir às aulas.
Daí, me contentava resignadamente a assistir alguns campeonatos pela tv a cabo, principalmente aqueles em que Tiger Woods e outros não tão famosos, mas igualmente talentosos,  participavam.
Por que estou lembrando disso?  
Minha vida nunca foi tão chata como agora... Ocupo todo o meu tempo e o que não tenho trabalhando e estudando, além das outras incumbências pessoais da família das quais não posso me abstrair.  Não tenho lazer, não há tempo para exercícios, engordei uns vinte quilos, me sinto insegura nas coisas mais simples, e muito, muito infeliz...Não costumo ficar doente, mas, cada vez mais recorrentes, estão aparecendo alguns sintomas, acredito, sintomatizados e decorrentes da vida que levo.
E então, 
Voltando hoje do trabalho, esgotada, sem forças nem para ir a aula, comecei a pensar em coisas que poderia fazer para me salvar. Lembrei das minhas aulas de golfe e pensei que seria uma forma de fugir de tudo isso. Vai diminuir o meu desempenho nas provas, porque diminuirá o tempo de estudos? Pode ser que sim, mas que outra opção eu tenho para não enlouquecer de vez? Preciso encontrar um tempo só para mim, e ninguém precisa ficar sabendo. Digo que vou ao Supermercado e pronto, terei um momento só meu, longe de tudo, sem essas cobranças familiares que me enchem de culpa, apesar de dar o máximo que posso.
Ah, uma diferença muito saudável
não mais me cobrarei resultados..., apenas aproveitarei cada minuto como se fosse o último. Se eu conseguir ser uma boa jogadora, tanto melhor, se não...a vida já me ensinou!  


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Não me vejo em seus olhos



Poxa, como é difícil não ter alguém para dividir a sua vida (e os problemas!). Como é difícil não fazer parte da vida de alguém (e ser o seu apoio). Como é gostoso ter alguém para ajudar a crescer, se desenvolver em sua plenitude, conquistas e amadurecimento, e claro, receber isso também desse alguém.
Dizem que os solteiros vivem menos que os casados e isso é justificável pois ser cuidado e cuidar de alguém faz toda a diferença, em todos os aspectos e em todas as dimensões possíveis.
Foram raras as vezes em que me apaixonei realmente por alguém. É tudo muito complicado, já que preciso sentir admiração pela pessoa, e essa admiração tem que se justificar com o tempo,  senão perco o interesse e nisso sou um pouco volúvel. Então é assim, quanto mais admiro, mais sinto amor, paixão, desejo.... e quanto maior tudo isso, mais quero me fundir a ela. Acho que sou um pouco parecida com a Susan Sontag.
Já tentei transgredir essas regras ditadas pelo meu subconsciente, mas as consequências foram quase sempre desastrosas...e, o contrário, encontro aquele ser que se encaixa totalmente nelas, as regras do meu subconsciente, mas, não há reciprocidade...
Um ou outro, vou seguindo, sozinha na vida.
(Nos últimos dias, não tenho me sentido muito bem. Espero que não piore, porque ter que ir ao médico do pronto-socorro sozinha é deprimente!)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

"Quando o verde dos teus olhos...

 
... se espalhar na plantação....
eu te asseguro, não chores não, viu,
que eu voltarei, viu, meu coração..."
 
Ouvi outro dia papai dizer que a região nordeste está passando pela pior seca dos últimos sessenta anos. Não sei onde ele ouviu isso, já que quase não há notícias sobre o flagelo por que passa o povo nordestino.
As autoridades parece não se importarem. Se preocupam mais com as longínquas eleições presidenciais de 2014, do que com a seca hoje. Enquanto isso, o povo sofre.
 
Meu pai é nordestino como tantos outros que vieram para a capital em busca de uma vida melhor e a construção de um novo lar...Deu a mim e meus irmãos, na medida do possível, uma vida bem melhor daquela que teríamos se tivesse permanecido por lá.
Não sou nordestina, mas sinto ter o sangue do sertanejo nas veias, um sangue forte que, mesmo diante de tantas fragilidades, luta contra as adversidades.
 
Cresci ouvindo papai, o primeiro amor da minha vida, recitar poesias de Cordel.
Sempre teve o maior orgulho de ser nordestino... (fala isso para todo mundo) e,
também, de ter contribuído para a construção de Brasília.
Papai é um homem pequeno, aparentemente frágil, mas que tem uma saúde de ferro.
Que Deus abençoe meu pai querido!
E que olhe aquele povo, nossos irmãos, esquecidos de todos, até mesmo daqueles que já foram de lá.